Bebidas vegetais, uma alternativa sustentável?

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A alimentação equilibrada é fundamental para a saúde e o bem-estar geral. Sendo o leite um bem alimentar essencial para o crescimento e desenvolvimento humano, o seu consumo regular, dentro de uma dieta equilibrada, pode trazer benefícios significativos para a saúde; contudo é importante ter em consideração as necessidades e restrições individuais. Tendo em conta que os consumidores são cada vez mais conscientes das implicações ambientais geradas pela cadeia dos produtos lácteos, as suas preferências têm recaído sobre produtos alimentares alternativos ao leite.
As bebidas vegetais são as alternativas com maior aceitação pelos consumidores, pois além de apresentarem características físicas similares às do leite, têm na sua composição moléculas de alto valor acrescentado que podem proporcionar benefícios para a saúde a longo prazo. Estas formulações são consideradas sustentáveis, quando comparadas com o leite. Atualmente existem várias opções de bebidas vegetais no mercado, as quais são predominantemente fortificadas com nutrientes essenciais de forma a reproduzir o perfil nutricional do leite de bovino e atender às necessidades dietéticas dos consumidores.
O leite é um produto alimentar presente na dieta humana de diferentes culturas, tendo um papel fundamental na nutrição de recém-nascidos. Segundo o Regulamento da União Europeia 1308/2013, o termo “leite” apenas se refere ao líquido produzido pelas glândulas mamárias dos mamíferos sem adição ou extração do produto, sendo apenas permitidas pequenas modificações (ex. normalização do teor de gordura) (European Parliament, 2013; Pérez-Rodríguez et al., 2023). Este produto lácteo é reconhecido como importante numa dieta equilibrada devido à presença de compostos essenciais como o cálcio, potássio e vitamina D. Estes compostos desempenham um papel crucial na promoção de saúde, estando associados à redução do risco de desenvolvimento de osteoporose, doenças cardiovasculares e de diabetes tipo 2 (Bórawski et al., 2020).
Nos últimos anos verificou-se um decréscimo no consumo de leite, segundo a Direção-Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural da União Europeia, em 2000 foram consumidos 6,2 milhões de toneladas de leite na Europa e em 2023 o consumo apenas totalizou 3,1 milhões de toneladas de leite (Directorate-General for Agriculture and Rural Development, 2024). Este decréscimo é justificado por diferentes fatores, entre os quais a intolerância à lactose (açúcar naturalmente presente no leite) que afeta mais de 65% da população mundial, a alergia à proteína do leite (ex. caseína, lactoglobulina, lactoalbumina) e/ou a prevalência de hipercolesterolemia (valor de colesterol em 100 mL de leite meio gordo de vaca é de aproximadamente 5 mg) (Antunes et al., 2024; Bayless et al., 2017; Sethi et al., 2016).
Além das questões de saúde, há um crescente aumento pela preferência de produtos alimentares de origem vegetal pois são percecionados pelos consumidores como alimentos mais saudáveis e benéficos para a saúde. As questões ambientais são outro fator que leva os consumidores a elegerem produtos de origem vegetal, pois os alimentos de base animal geram maiores pressões ambientais, nomeadamente porque a sua produção requer mais água e liberta uma maior quantidade de gases com efeito de estufa (Jeske et al., 2018; Penha et al., 2021).
Desta forma, as bebidas vegetais são eleitas pelos consumidores como substitutas do leite, por conterem características similares e por promoverem a saúde (alimentos funcionais) (Pérez-Rodríguez et al., 2023).
Por Filipa A. Fernandes; Custódio M. Roriz; Márcio Carocho; Sandrina A. Heleno
Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Instituto Politécnico de Bragança;
Laboratório Associado para a Sustentabilidade e Tecnologia em Regiões de Montanha (SusTEC),
Instituto Politécnico de Bragança
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