Navegar pelo futuro da alimentação: ciência, confiança e desafios globais

Prestar aconselhamento científico e comunicar os riscos na cadeia de distribuição alimentar deve ser rigoroso e de confiança. A cadeia global de abastecimento alimentar está cada vez mais vulnerável à instabilidade política e às políticas comerciais em constante mudança. Conflitos internacionais afetam a exportação, as políticas fiscais afetam o movimento de bens alimentares, os bloqueios logísticos prejudicam a distribuição de alimentos e as sanções económicas influenciam o comércio de matérias-primas essenciais. Para garantir um sistema alimentar resiliente e acessível, é importante adotar uma abordagem multidisciplinar que combine práticas agrícolas inovadoras, biotecnologia avançada e políticas estratégicas eficazes.
Quem garante a qualidade da informação?
Numa era em que a produção alimentar está profundamente interligada com a geopolítica, as alterações climáticas e os avanços tecnológicos, a indústria alimentar encontra-se num ponto de viragem. Desde o campo até ao prato, cada decisão, quer seja na produção primária, transformação, distribuição, ou mesmo na regulamentação, tem consequências significativas para a segurança alimentar, a sustentabilidade e a confiança do consumidor. Neste âmbito, a TecnoAlimentar colabora para preencher a lacuna entre a ciência alimentar de ponta, a inovação na indústria e uma comunicação responsável, garantindo que tanto os profissionais como os consumidores tenham acesso a informação credível e baseada na ciência, com a academia a desempenhar um papel fundamental na credibilidade e disseminação da informação científica.
Numa era em que a informação, mas também a desinformação, se espalham rapidamente, especialmente através das redes sociais, é urgente garantir que investigadores e técnicos têm acesso e disseminam conhecimento preciso. As instituições académicas influenciam o conhecimento do público através da adequação de planos curriculares da formação de técnicos integrando a nutrição no apoio à agricultura sustentável e tecnologia alimentar. Estes programas de ensino devem garantir que futuros profissionais e o público em geral recebem informação rigorosa e fundamentada.
Será isso, por si só, garantia de que os estudos sobre segurança alimentar, nutrição e sustentabilidade são conduzidos com rigor, reduzindo enviesamento e conflitos de interesse? Os investigadores são incentivados a comunicar resultados de forma clara e acessível, ajudando a combater a desinformação e permitindo que os produtores e claro os consumidores façam escolhas informadas. No entanto, a proliferação de estudos questionáveis coloca em risco a confiança do público na ciência, tornando essencial que organismos reguladores, universidades e editores científicos atuem para garantir a credibilidade da investigação académica.
Governos e agências de acreditação e de financiamento devem implementar critérios exigentes na avaliação de publicações científicas e dos projetos de financiamento de investigação científica, fundamental, aplicada ou demonstradora. Parâmetros como a reprodutibilidade dos resultados e impacto prático devem ser centrais na avaliação da investigação.
Uma questão importante dos tempos modernos, e de controlo muito difícil, senão impossível, relaciona-se com a origem da informação, a sua abundância e a sua rápida disseminação. A divulgação através das redes sociais e dos grandes meios de comunicação sobre alimentos e alimentação enfrenta inúmeros desafios, especialmente com a proliferação de informações incorretas.
Influenciadores, muitas vezes sem conhecimento adequado, espalham ideias erradas que, paradoxalmente, parecem atrair ainda mais seguidores. Simultaneamente, os consumidores parecem estar cada vez menos capazes de cruzar informações provenientes de diferentes fontes para formar juízos fundamentados. Ou, possivelmente, muitos consumidores estarão interessados apenas numa informação fácil, rápida e preferencialmente "bombástica", que justifique um reenvio para a lista de amigos, que por sua vez a vão reenviar para as suas listas de amigos... E diferentes interesses na origem da informação podem facilmente manipular milhões de consciências.
Só legisladores atentos, ciência capaz, indústria respeitadora dos seus clientes, educação rigorosa e informação isenta, trabalhando em conjunto, poderão contribuir para a formação de decisões conscientes e coerentes.
Diretor da TecnoAlimentar
Se quiser colocar alguma questão, envie-me um email para info@tecnoalimentar.pt
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