Papel do consumidor na promoção de sistemas alimentares sustentáveis
- 10 março 2025, segunda-feira
- Consumo

FOTO ELLA OLSSON/ UNSPLASH
Com a industrialização, a especialização da agricultura, do processamento e retalho alimentares e da preparação dos alimentos, promoveu-se a eficiência ao longo de todo o sistema alimentar, contribuindo para o aumento da disponibilidade e acessibilidade de alimentos variados ao consumidor.
A este propósito, Rozin considera que o permanente acesso a esta imensa quantidade e variedade de alimentos só recentemente é encarada como “natural” para a maioria das populações ocidentais, muito embora o ser humano não esteja geneticamente preparado para a dita abundância.
No entanto, estes mesmos movimentos contribuíram igualmente com impactes negativos quer na saúde dos consumidores quer no ambiente.
Por um lado, a alimentação ocidentalizou-se, quer em países em vias de desenvolvimento, quer em países com uma tradição culinária rica e ancestral. Trata-se de uma alimentação caracterizada pelo elevado consumo de alimentos de origem animal, particularmente carnes vermelhas e processadas, cereais refinados, laticínios, açúcares, sal, e um consumo reduzido de frutas, vegetais e de cereais integrais, sendo que este padrão alimentar constitui um dos fatores de risco para as Doenças Crónicas Não Transmissíveis. Vivemos, pois, num tempo em que a fome coexiste em muitos países com a obesidade. De acordo com o Relatório SOFI 2024, estima-se que, em 2023, cerca de 733 milhões de pessoas passaram fome em todo o mundo, correspondendo a uma pessoa em 11, sendo essa realidade crescente em África. De igual modo, estima-se que, em 2022, 881 milhões de adultos em todo o mundo sejam obesos, sendo este problema mais pronunciado na América Latina e Caribe, Oceânia e América do Norte e Europa, embora existente em África e na Ásia. Ora esta realidade concorre com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos na Agenda 2030, nomeadamente o ODS 2: até ao ano de 2030, acabar com a fome no mundo (meta 2.1) e com todas as formas de malnutrição (meta 2.2).
Todos os anos, cerca de 30 % do total dos alimentos produzidos no mundo para o consumo humano são perdidos ou desperdiçados
Por outro lado, o atual sistema alimentar, num todo, contribui para a emissão de gases com efeito de estufa, com impacte nas alterações climáticas. Todos os anos, cerca de 30 % do total dos alimentos produzidos no mundo para o consumo humano são perdidos ou desperdiçados, tanto ao nível da própria cadeia alimentar como durante o consumo, correspondendo a aproximadamente 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos desperdiçados. Nos países em vias de desenvolvimento, as perdas ocorrem essencialmente a montante do sistema alimentar, devido à falta de infraestruturas adequadas e de tecnologia a utilizar. Nos países desenvolvidos, o desperdício alimentar ocorre particularmente nas fases de distribuição e consumo, em contexto familiar e de restauração. De acordo com o projeto FUSIONS, na União Europeia (UE), o setor doméstico é aquele que mais contribui para o desperdício alimentar (53 %), seguido da indústria (...)
Leia o artigo, na íntegra, na TecnoAlimentar nº 42, janeiro/março 2025
Autora da coluna "Consumo"
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