Mais sustentabilidade, menos resíduos: o futuro das embalagens alimentares

FOTO ALBANY COLLEY/ PIXABAY

As embalagens são amplamente usadas pelo setor alimentar por permitirem a preservação, segurança e estabilidade dos alimentos. Adicionalmente, constituem um elemento fundamental na logística do setor, permitindo a movimentação e o transporte em segurança. Assumem, atualmente, um peso crescente na economia global – o valor de mercado ultrapassou 1 trilhão de dólares em 2020.

Em contrapartida, a maioria são de uso único, sem reaproveitamento, e o seu ciclo de vida tem vindo a diminuir, dadas as constantes inovações e sofisticação imprimidas pelo setor, aportando à indústria desafios crescentes na sua gestão.

Atualmente, de acordo com Shin e Selke, mais de dois terços de todos os materiais utilizados no fabrico de embalagens - como papel, plástico e vidro - são destinados ao setor alimentar que assume o papel de maior consumidor de embalagens.

Deste modo, a transição para uma economia mais circular, que permita reduzir, reutilizar e reciclar os materiais, é um dos principais desafios para o setor com fortes impactos na logística inversa.

A embalagem na indústria alimentar tem evoluído em complexidade e funcionalidade, satisfazendo não apenas os requisitos da indústria e logística, mas também como interface com o consumidor e o ponto de venda.

No entanto, com o aumento de consumo de embalagens, também impulsionado pelo crescimento das vendas por e-commerce, aumenta a quantidade de resíduos gerados. Em 2020, o volume total de resíduos de embalagens gerados na União Europeia foi estimado em 79,3 milhões de toneladas, um aumento de aproximadamente 25 % em relação ao início da década.

A limitada adoção de alternativas sustentáveis pelas indústrias e a lenta transição para um modelo de economia circular mantêm práticas inadequadas de descarte de embalagens, tais como a incineração, o envio para aterros sanitários e o descarte irregular no meio ambiente.

A sustentabilidade, uma tendência de mercado, torna-se cada vez mais um fator essencial no momento de compra pelos consumidores, especialmente os mais jovens que possuem maior consciência da necessidade desta transição. Assim, as empresas que não adotem práticas que promovam mudanças positivas em processos e produtos poderão enfrentar dificuldades para atrair e reter consumidores e captar investimentos.

Apesar desta exigência, a indústria das embalagens enfrenta desafios significativos na introdução de inovação, incluindo a necessidade de equilibrar sustentabilidade, funcionalidade e viabilidade económica. A adoção de novos materiais e tecnologias muitas vezes exige investimentos elevados, adaptações nos processos produtivos e conformidade com regulamentações ambientais cada vez mais rigorosas.

Embalagens no setor alimentar: o que diz a regulamentação?

O uso de embalagens sustentáveis torna-se cada vez mais uma prática e um requisito indispensável para as organizações prosperarem a longo prazo. Até porque, a par das imposições dos consumidores, a regulamentação neste âmbito tem vindo a aumentar.

A União Europeia propõe uma atualização da Diretiva sobre Embalagens e Resíduos de Embalagens, com o objetivo de tornar todas as embalagens totalmente recicláveis até 2030, reduzindo os impactos ambientais negativos e alinhando-se ao Acordo Verde Europeu (European Green Deal) e ao novo Plano de Ação para a Economia Circular.

A Regulamentação de Embalagens e Resíduos de Embalagens estabelece metas de redução de embalagens em 5 % até 2030, 10 % até 2035 e 15 % até 2040, com foco na diminuição de resíduos plásticos. A partir de 2030, as embalagens de uso único, como as que são usadas em produtos frescos, serão proibidas, e substâncias químicas nocivas (PFAS) serão restringidas. (...)

Por Vânia Silva
Consultora de Economia Circular no
INEGI – Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial

Leia o artigo, na íntegra, na TecnoAlimentar nº 43, abril/ junho 2025 dedicada ao tema "Desafios na logística na indústria alimentar"

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