“NanoDairy” otimiza nanopartículas antioxidantes para produtos lácteos
Escola Superior de Biotecnologia da Católica Porto apresenta comunicação de projeto relacionado com nanotecnologia alimentar.
A Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Universidade Católica – Porto marca presença, esta quarta-feira, dia 5 de julho, no painel de Inovação e Tradição Alimentar do evento Ciência 2017, organizado pela Fundação pela Ciência e Tecnologia (FCT).
A comunicação coordenada por Raquel Madureira, investigadora da ESB, está subordinada ao tema “Nanotecnologia na produção de ingredientes antioxidantes – caso de estudo para indústria laticínios”, e resulta do projeto liderado pela mesma e financiado pela FCT, NanoDairy - Nanopartículas como veículos de transporte de compostos fenólicos para matrizes lácteas: avaliação da estabilidade, biodisponibilidade e toxicidade.
A investigação, desenvolvida em parceria com o IBILI da Universidade de Coimbra, o CESPU e o Departamento de Indústrias da Universidade de Buenos Aires na Argentina, visa o desenvolvimento de novos ingredientes bioativos formulados com nanopartículas carregadas com compostos fenólicos, ou extratos de plantas ricos nestes compostos, para incorporação em alimentos lácteos, como iogurtes e leites fermentados.
Estas nanopartículas, de origem lipídica e polimérica, foram estudadas quanto à estrutura física, propriedades interfaciais e estabilidade na forma livre, quando incorporadas numa matriz láctea ou submetidas às condições presentes no sistema gastrointestinal e microflora intestinal. Deste estudo surgiu, ainda, um modelo otimizado de avaliação da interação das nanopartículas com a microbiota intestinal, utilizando fezes de voluntários humanos.
Nanopartículas protegem compostos fenólicos de interações com alimentos
Uma vez que numa fase inicial foi verificada a interação dos compostos fenólicos com moléculas das matrizes lácteas (proteínas), que levam à diminuição da bioatividade (antioxidante) e biodisponibilidade para absorção intestinal, formulou-se um sistema de transporte para proteger os nutrientes destes eventos.
Assim, a equipa produziu nanopartículas com tamanhos acima dos 300 nm, que funcionam como cápsulas dos compostos fenólicos, de modo a protegê-los das interações com os compostos das matrizes alimentares durante o armazenamento e efeitos da digestão, tornando-os resistentes às condições acídicas e às enzimas do estômago.
Estas nanopartículas – quanto à sua toxidade não apresentam qualquer perigo, podendo ser consumidas nas concentrações bioativas testadas – quando chegam ao intestino libertam de forma fisiológica os compostos fenólicos, que são absorvidos pelo epitélio intestinal - a microbiota intestinal, as enzimas e os sais biliares presentes no duodeno são responsáveis por esta libertação.
Recorde-se que da realização deste projeto resultaram já duas teses de mestrado, 16 artigos científicos em revistas de quartil um e 14 comunicações em congressos e seminários.
Outros artigos que lhe podem interessar