«As pastelarias têm de ser espaços de alimentação superinteligente»
José Francisco Silva, presidente da ACIP - Associação do Comércio e da Industria de Panificação, Pastelaria e Similares, analisa a indústria da Pastelaria em Portugal. Fala da necessidade de optarmos pelos caminhos de uma alimentação saudável, uma necessidade imperiosa e urgente.

Entrevista: Ana Clara
TecnoAlimentar: O setor da pastelaria em Portugal vale quanto e que radiografia traça deste setor actualmente?
José Francisco Silva: Hoje o conceito de pastelaria não pode ser visto como era há 20, 30 anos. Hoje a pastelaria fornece aos seus clientes não só produtos tradicionais, como também é responsável pela alimentação de quem come fora todos os dias. Os consumos à hora do almoço são feitos em pastelarias. Nesse aspecto as pastelarias mudaram e diversificaram a oferta aos seus consumidores. E é aí também que temos de trabalhar.
TA: Em que medida?
JFS: Tentamos introduzir comida saudável, por exemplo. Os empresários hoje têm de ser proactivos. Nesse aspeto temos de diversificar a oferta de uma forma inteligente. Por exemplo, eu trabalho há 15 anos com um gabinete de nutricionistas, que participam ativamente nas ementas, com conselhos, com sugestões de alterações, mede-se a eficácia, o feedback dos consumidores, fazemos retificações sem violar, do ponto de vista de inteligência alimentar, a receita. Inovamos, com produtos novos, novas receitas. Ou seja, as pastelarias não são apenas o local onde se vendem bolos e pão, são muito mais que isso.
TA: No dia em que fazemos esta entrevista (16 de outubro), comemoramos o Dia Mundial da Alimentação. É também por estas novas formas de confeção saudável que as empresas têm de ir?
JFS: Sim, mas não tem sido com a celeridade que nós gostaríamos. Por isso é que as associações setoriais têm aqui um papel muito importante na promoção e divulgação deste tipo de alimentação. A 16 de Outubro estabelecemos um protocolo com o ministério da Saúde e o ministério da Educação, para sensibilizarmos que as pastelarias não são apenas espaços de “pecados mortais”. Têm de ser espaços também de alimentação superinteligente: vegetais, fibras, proteínas de qualidade, boas gorduras. Tudo isso tem de fazer parte dos nossos hábitos alimentares diários. Menos sal, menos açúcar, menos gorduras perigosas são obrigatórias. E os setores a montante têm muita responsabilidade também neste caminho: a indústria fornecedora das matérias primas.
TA: Qual é para si o traço destas indústrias nessa matéria? Estão a contribuir para este caminho?
JFS: Existem clientes, no fornecimento dessas matérias primas, para todos os tipos de nichos. É preciso é perguntar o seguinte: o que fazemos para não permitir a entrada de certo tipo de matérias primas, perigosas para a saúde, dentro dos nossos espaços comerciais? Aí se calhar as pastelarias são impotentes. E terá de ser pela via legislativa. E aí sim a sociedade civil acabar por ser muito importante nesta criação de dinâmica persuasiva, influenciadora, estimuladora, do próprio poder legislativo. E espero que brevemente haja novidades nessa área. Há que legislar e que passar esta mensagem. Os portugueses têm direito a um determinado número de matérias primas saudáveis e serem barrados às nocivas.
(Continua)
Nota: Esta entrevista foi publicada na edição n.º 13 da Revista TecnoAlimentar, no âmbito do dossier Pastelaria.
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