B2-SOLUTIONS: Bioplásticos biodegradáveis para revestimento de papel
Por: Mariana Vallejo¹,² Martinho Oliveira², Paula Ferreira¹, Idalina Gonçalves¹
¹ Instituto de Materiais de Aveiro, Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica (CICECO), Universidade de Aveiro
² Instituto de Materiais de Aveiro, Escola Superior Aveiro Norte (CICECO), Universidade de Aveiro
RESUMO
A indústria agroalimentar gera subprodutos não-edíveis, muitas vezes descartados inadequadamente, prejudicando a qualidade e a segurança do meio ambiente. O projeto B2-SOLUTIONS pretendeu, no âmbito de uma estratégia de economia circular, estudar a possibilidade de valorizar casca de cebola e casca de alho através do desenvolvimento de bioplásticos biodegradáveis tolerantes à humidade para embalagens à base de papel. Neste contexto, avaliou-se a influência da quantidade de casca de cebola e de casca de alho nas propriedades macroscópicas, mecânicas e de barreira ao vapor de água de bioplásticos à base de amido. Os resultados obtidos evidenciam que quer a casca de cebola, quer a casca de alho permitem naturalmente pigmentar os bioplásticos à base de amido e aumentar a sua resistência à tração e a condições de humidade, oferecendo uma oportunidade para valorizar estes subprodutos agroalimentares.

INTRODUÇÃO
A indústria agroalimentar desempenha um papel fundamental na economia, gerando periodicamente quantidades excessivas de subprodutos não-edíveis (cascas, folhas, caules, bagaço, entre outros) que são frequentemente descartados de forma inadequada, comprometendo a qualidade e a segurança do meio ambiente (Vojvodic et al., 2016; Cebin et al., 2020). A preocupação com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente tem-se tornado uma prioridade global, fazendo parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável propostos pelas Nações Unidas para a agenda 2030, entre os quais se destaca o objetivo 12– “consumo e produção responsáveis” (United Nations, 2023). Os subprodutos não-edíveis provenientes da indústria agroalimentar, como por exemplo cascas secas externas da cebola ou do alho, são fontes de biomoléculas com grande potencial para serem valorizados como matéria-prima de novos produtos (Vojvodic et al., 2016; Choi et al., 2015). O desenvolvimento de materiais bioplásticos, ou seja, de plásticos produzidos a partir de fontes de origem biológica e renováveis, tem sido uma estratégia de economia circular utilizada para a valorização de subprodutos agroalimentares não-edíveis (Tyagi et al., 2021). Esta temática visa não só diminuir o desperdício de subprodutos agroalimentares, mas também diminuir o impacte ambiental causado pela frequente disposição inadequada de plásticos. O setor das embalagens, em particular das embalagens de utilização única, é um dos responsáveis pela pegada ecológica crescente do setor do plástico. Os plásticos existem nas embalagens ora como componente principal, ora como revestimento, sendo este último frequentemente utilizado nas embalagens à base de papel (Figura 1).
Quando aplicado no revestimento de materiais à base de papel, a percentagem de plástico condiciona a reciclabilidade dessas embalagens as quais, frequentemente, têm por destino um aterro. O desenvolvimento de bioplásticos biodegradáveis, compatíveis com a superfície dos materiais à base de papel poderá facilitar a gestão destes resíduos, diminuindo a pegada ecológica deste setor.
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