Desperdício alimentar: Estratégias para a sua minimização
A questão do desperdício de alimentos é um desafio significativo enfrentado pela comunidade global, com 1,3 biliões de toneladas de alimentos desperdiçados a cada ano.
Na tentativa de resolver esta problemática, vários países adotaram estratégias para avançar para uma economia circular, onde a cadeia de abastecimento alimentar deve cuidar de seus subprodutos e desperdício de alimentos. Os princípios da economia circular envolvem a redução de produção de resíduos no sistema alimentar, reutilizando ou reciclando, convertendo subprodutos e resíduos em produtos utilizáveis e reduzindo o uso de recursos na produção e distribuição.

O desperdício alimentar pode ser minimizado por meio de várias estratégias, como melhorar a eficiência do processamento, reduzir a superprodução e as condições inadequadas de armazenamento e transformá-lo em subprodutos de valor acrescentado. Estratégias sustentáveis de gestão de resíduos alimentares devem ser implementadas em todos os níveis da cadeia para obter moléculas de alto valor a partir de bioresiduos oriundos de residências ou processos de produção. É necessário um maior comprometimento geral para promover um desenvolvimento sustentável com desperdício zero que seja ecologicamente e economicamente viável.
Com a industrialização e o rápido crescimento populacional a produção de alimentos cresceu a um ritmo acelerado, contudo estima-se que um terço dos alimentos seja desperdiçado ao longo da cadeia de abastecimento (Correani et al., 2023). O desperdício alimentar consiste na remoção de alimentos e das suas partes não comestíveis durante a produção, a colheita, a distribuição, o armazenamento no mercado e o consumo nos serviços de alimentação e no seio familiar, tendo como destino aterros sanitários, esgotos, combustão, compostagem, codigestão aeróbia e solos (fertilização) (Forbes et al., 2021). De acordo com a FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) 14% do desperdício alimentar ocorre no período de distribuição entre a colheita e o mercado, correspondendo 25% desses produtos a raízes, tubérculos e a culturas oleaginosas, 22% a frutas e vegetais, 13% a carne e produtos animais e 9% cereais (FAO, 2019).
O desperdício alimentar é um problema global, que para além de ter impactos sociais e económicos, afeta negativamente o ambiente, sendo responsável por 8% das emissões de gases com efeito de estufa, 20% do consumo de água doce e 30% do uso de terras agrícolas (Fraccascia & Nastasi, 2023). A Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015, aprovou a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, onde definiu 17 objetivos, bem como as suas metas, que devem ser alcançados até 2030 (United Nations).
Artigo publicado na edição n.º 36 da Revista TecnoAlimentar
Em coautoria
Filipa A. Fernandes
Custódio M. Roriz
Sandrina Heleno
Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Instituto Politécnico de Bragança; Laboratório Associado para a Sustentabilidade e Tecnologia em Regiões de Montanha (SusTEC), Instituto Politécnico de Bragança
Investigador
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